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Dica literária: Elena Ferrante

Depois de uma série de posts sobre consumo consciente, moda inteligente, relações entre consumo desenfreado e carências psicológicas, hoje o tema é outro: livro!

E o fato de escrever em um blog de uma Consultora de Estilo sobre um assunto que não esteja tão relacionado à moda em si me fez pensar sobre outra questão: como a gente se coloca em bolhas o tempo inteiro, né?

Tendemos a falar sobre os mesmos assuntos com as mesmas pessoas, seguir uma tal lógica, estimular o pensamento a não sair de dentro da caixinha. Isso é tão ruim! Porque o não abrir espaço para o diferente é também a impossibilidade de conhecer novas facetas e se apaixonar por elas.

Entendo não é um exercício fácil. Há espíritos aventureiros que lidam melhor com essas demandas.

Enfim… voltemos ao assunto do post!

Eu já tinha ouvido falar na Elena Ferrante há um tempo. Se não me engano, vi algo no programa da Astrid Fontenelle.

O fato de ser um pseudônimo é curioso, mas até que comum. Agora, por ter sua verdadeira identidade muito bem protegida (sendo difícil até para os literatos decifrarem se a prosa é escrita por um homem ou uma mulher), conceder entrevistas por e-mail com o intermédio de seu editor e emplacar uma tetralogia de sucesso, isso, sim, é bem inédito.

Os quatro livros somam mais de 1500 páginas, que começam em A Amiga Genial e findam com A História da Menina Perdida – o qual chegou ao Brasil no fim de abril pela Editora Globo.

Mas não é sobre essa série que quero falar, porque não a li ainda. Quero muito, confesso, está no topo da minha eterna-lista-de-desejos-literários. Pretendo começá-los em breve e prometo ir dividindo por aqui!

Por enquanto, para quem quiser saber mais sobre, o Estado de S. Paulo fez uma matéria bem completa. Achei muito bacana!

O que quero dividir aqui é o A Filha Perdida, lançado em 2006, seu terceiro romance.

O livro conta a história de Leda, mãe de duas meninas já crescidas, divorciada e professora universitária, que decide passar suas férias no litoral italiano sozinha. Por lá, conhece uma família de napolitanos cheia de particularidades.

Quem mais chama sua atenção, no entanto, é a dupla Nina, uma jovem e bonita mãe, e Elena, uma doce criança que está sempre acompanhada de sua boneca – a qual, de algum jeito (que não vou contar para não estragar a narrativa, rs), é perdida na praia. Isso traz algumas consequências, mas a principal é a aproximação entre Leda e Nina.

O encontro suscita reflexões acerca da maternidade, da criação de filhos, dos relacionamentos conjugais, das escolhas individuais, da anulação da mulher depois que se torna mãe. Acredito que aquelas que já tenham vivenciado a maternidade serão ainda mais atingidas pelo romance.

De qualquer modo, recomendo a leitura para todos. Porque, mesmo que não sejamos mães, somos filhas – e colocar-se no lugar daquela que nos deu à luz é uma das tarefas mais difíceis que existem.

Aliás, calçar o sapato do outro nunca é fácil. Cada um sabe onde seu calo aperta, como diria minha vó.

Acontece que esse altruísmo contribui para que tenhamos visões e atitudes mais equilibradas. Para que exercitemos a paciência com o diferente, com aquilo que não é exatamente da maneira como pensávamos que fosse.

A leitura é envolvente e um grande ensaio de vida. Fala sobre julgamento alheio, relações afetivas, destinos que podem ser mudados quando o intuito é a busca pela felicidade.

E, claro, sobre a infância, essa fase que possui marcas simbólicas eternas na constituição do sujeito – Freud dedicou sua vida a estudar tais marcas. Há muito em nós do que fomos quando crianças.

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