Quem gosta de moda vai sempre lembrar de Meryl Streep como Miranda Priestley em “O diabo veste Prada”, eu sei! Porém, precisamos falar sobre sua personagem no filme “The Post”, que lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar. (Além de uma divertida entrevista com Anna Wintour!)
O filme se passa em 1971, mas aborda temas atuais sobre liberdade de imprensa, fake news e ética. A narrativa mostra decisões difíceis tomadas pela protagonista Kay Graham, chefe do jornal após o suicídio de seu marido. E é essa a beleza do filme: retratar uma mulher que trabalha em um espaço masculino sem perder sua feminilidade.
Para construir essa narrativa Steven Spilberg contou com a interpretação precisa de Meryl e o talento de Ann Roth. Ela foi a figurinista de “Uma secretária de futuro”, uma aula sobre power dressing e trajes profissionais dos anos 80, vale a pena assistir!
Voltando à redação do Post, é interessante notar o modo de vestir dos homens. As gravatas eram largas e as cores bem terrosas. Não vemos as calças de boca larga dos anos 70 ainda, afinal os ternos tinham o corte dos anos 60 e eram feitos para durar.
Já a nossa protagonista tinha dinheiro e se vestia com peças refinadas. Em sua primeira cena ela vai a uma reunião vestindo um tailleur cinza estruturado e uma camisa com laço em tons de azul. Tudo muito discreto, mas não há como não notá-la por ser a única mulher presente. Confesso que fiquei desconcertada com o quanto os homens tentam ignorá-la, aff!
Em contrapartida, quanto mais confortável na posição de liderança ao longo do filme os ternos vão ficando para trás. Ela parece ainda mais poderosa e usa alguns vestidos-camisa, reforçando a ideia de que não precisamos nos vestir com peças masculinas para isso.
E é vestida com uma túnica que ela toma a decisão mais importante do filme, ao ser interrompida durante uma festa em sua casa. É uma cena linda, com os homens engravatados tentando pressioná-la enquanto ela os domina sem subir o tom de voz.
Houve uma cena que me fez chorar, quando Kay sai da Suprema Corte e é ignorada pelos jornalistas (eles correm para falar com os chefes do NY Times). Porém, ela é observada por muitas mulheres sorridentes cheias de admiração. Ali ficou claro para mim o quanto ainda nós, mulheres, temos que percorrer em nossa sociedade.
Por isso te encorajo a estudar o figurino do filme, para que você encontre inspiração para ser uma mulher poderosa e forte, sem abrir mão de seu estilo. Seja ele qual for.
Beijos,
6 comentários em ““The Post”: mais uma aula de estilo com Meryl Streep”
Obrigada por compartilhar uma visão tão rica sobre o filme! Fiquei com vontade de assistir! É impressionante como conseguiram abordar um tema tão atual por meio de um filme de época! Beijo grande, Virginia
Oi Virginia!Exatamente, um filme de época de temas atuais!Assista sim!
Beijos e obrigada pela visita! 🙂
Muito inspirador! Principalmente pq vivo exatamente esse “dilema”: como parecer profissional e competente sendo mulher, num ambiente de TI que é bem masculino, e gostando de moda. Vou assistir o filme com ctza. Valeu a dica! 🙂
Sim, Paulinha, pensei muito em você! Assista ao filme e me conta o que você achou! 🙂
Eu também fiquei encantada com o figurino do filme, falando até mais do que os personagens em algumas cenas. Me incomodou a cena logo do início quando os executivos faziam de tudo para ignorá-la, como tu disseste, Aysha. Lá se vão quase 50 anos e nós mulheres, mesmo que tenhamos conquistado muito mais espaço, ainda recebemos salários menores e temos que provar, muitas vezes, o dobro da competência.
Nossa, é muito isso mesmo, Andrea, fiquei bem incomodada com essa cena!